A propaganda é tentadora: “Crédito sem fiador”, “Aprovação em minutos”, “Dinheiro na conta ainda hoje”. Para muitos brasileiros que chegam a Portugal com o orçamento apertado, essas ofertas parecem uma bênção. Mas cuidado: crédito fácil pode virar dívida difícil de controlar.
Neste artigo, você vai entender como funciona o crédito em Portugal, quais são os riscos escondidos e como evitar que uma ajuda momentânea se transforme num pesadelo financeiro.
Como funciona o crédito pessoal em Portugal?
O crédito pessoal é um empréstimo concedido por bancos e financeiras sem necessidade de justificar o uso do dinheiro. É usado, por exemplo, para comprar móveis, pagar uma viagem ou cobrir imprevistos.
Características:
- Montante: geralmente de 1.000€ a 75.000€
- Prazos: de 12 a 120 meses
- Juros: entre 6% e 15% ao ano (podendo ser bem mais alto em alguns casos)
- Taxa de esforço: seu rendimento mensal deve comportar a prestação
Atenção: Mesmo com boas condições, o crédito é um compromisso a longo prazo — e pode comprometer a sua liberdade financeira.
O perigo do crédito rápido
Fintechs, bancos digitais e até lojas oferecem crédito com pouca burocracia. Mas a facilidade esconde armadilhas:
1. Juros altos
Quanto mais rápido o crédito é aprovado, maior o risco para quem empresta — e, por isso, mais alta é a taxa de juro.
2. Pagamentos mensais baixos que duram anos
Prestações pequenas parecem vantajosas, mas escondem um custo total elevado.
Exemplo: um crédito de 5.000€ pode acabar custando 8.000€ no fim do contrato.
3. Multiplicação de créditos
Muitos brasileiros pegam um crédito para pagar outro. Isso gera um efeito bola de neve, especialmente se não houver planejamento.
Diferença entre crédito pessoal e crédito habitação
É importante diferenciar os dois principais tipos de crédito em Portugal:
Tipo de crédito | Finalidade | Juros médios | Prazo médio |
---|---|---|---|
Crédito pessoal | Livre utilização | 6% a 15% | Até 10 anos |
Crédito habitação | Compra de imóvel próprio | 2% a 5% | Até 30 anos |
O crédito habitação costuma ter juros mais baixos porque o imóvel serve como garantia.
Como saber se você está a exagerar?
O Banco de Portugal recomenda que a taxa de esforço (percentual do rendimento mensal comprometido com dívidas) não ultrapasse 35%.
Se você ganha 1.000€/mês, isso significa que o máximo que pode gastar com créditos é 350€ — somando cartão, empréstimos e prestações.
Alternativas ao crédito
Antes de recorrer a um empréstimo, pergunte-se:
- Posso esperar mais um mês e poupar?
- Existe outra forma de conseguir esse dinheiro?
- Eu preciso mesmo disso agora?
Alternativas práticas:
- Renegociar prazos com fornecedores
- Vender algo que não usa
- Fazer um trabalho extra pontual
- Criar um plano de poupança de curto prazo
Dica prática: O crédito responsável
Se você realmente precisa de crédito, siga estas orientações:
- Compare pelo simulador do Banco de Portugal: www.bportugal.pt
- Leia com atenção a TAEG (Taxa Anual Efetiva Global), que mostra o custo total do empréstimo
- Nunca assuma uma prestação maior do que 25% da sua renda
- Evite créditos longos para despesas passageiras (ex: férias)
Crédito só com estratégia
O crédito, quando bem usado, pode ser uma ferramenta. Mas quando mal planejado, vira um fardo.
Em Portugal, o acesso ao crédito é fácil — e é exatamente por isso que exige responsabilidade.
Está com dúvidas sobre como lidar com dívidas em Portugal?
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