A defasagem do preço dos combustíveis

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Douglas Holanda

O preço dos combustíveis é um tema recorrente no cotidiano do brasileiro, especialmente para quem sente no bolso os impactos dessa variação. Nos últimos anos, temos acompanhado um cenário de alta volatilidade e insatisfação popular, enquanto o governo segue insistindo em medidas paliativas que ignoram o cerne do problema: a falta de investimento em refinarias no Brasil.

A realidade do mercado brasileiro de combustíveis

O Brasil possui uma peculiaridade que deveria ser uma vantagem: é um grande produtor de petróleo. No entanto, paradoxalmente, dependemos de importações para suprir a demanda por combustíveis refinados, como gasolina e diesel. Isso ocorre porque nossas refinarias não têm capacidade suficiente para processar o petróleo extraído, obrigando-nos a exportar o óleo bruto e importar derivados.

Essa dependência do mercado externo torna o preço dos combustíveis extremamente vulnerável à variação do câmbio e às flutuações internacionais, o que afeta diretamente o consumidor. Enquanto outros países conseguem estabilizar os preços por conta da autossuficiência em refino, o Brasil permanece refém de um ciclo desvantajoso.

A negligência histórica com a Petrobras

Apesar de ser uma das maiores empresas do setor energético no mundo, a Petrobras tem sofrido com décadas de má gestão, escândalos de corrupção e falta de planejamento estratégico. Em vez de fortalecer a capacidade de refino da empresa, os governos optaram por utilizar a estatal como instrumento político, ora congelando preços, ora ampliando os impostos, sem atacar a raiz do problema.

Atualmente, o Brasil opera com uma capacidade limitada em suas refinarias, muitas das quais são antigas e pouco modernizadas. Investir na ampliação e construção de novas refinarias seria uma solução de longo prazo que poderia diminuir a dependência de importações, gerar empregos e trazer estabilidade ao mercado interno.

O impacto na vida dos mais pobres

A política de preços dos combustíveis tem um impacto desproporcional sobre os mais pobres. O aumento do preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha afeta diretamente o custo do transporte público, da logística de produtos básicos e das contas domésticas.

Ao priorizar medidas temporárias, como desonerações fiscais ou subsídios que apenas mascaram os problemas, o governo negligencia o impacto de longo prazo na vida dos brasileiros. A falta de planejamento impede que as soluções estruturais avancem, perpetuando um ciclo de desigualdade.

Uma escolha que o Brasil precisa fazer

Resolver o problema da defasagem do preço dos combustíveis exige coragem política e visão de longo prazo. A construção de refinarias modernas e eficientes deve ser uma prioridade estratégica, não apenas para garantir preços mais justos, mas para assegurar a soberania energética do país.

Enquanto o governo não enxergar que investir em infraestrutura é um passo essencial para combater a desigualdade, os mais pobres continuarão pagando a conta de uma gestão desastrosa. O Brasil tem recursos e capacidade para mudar essa realidade; falta apenas vontade política para agir.

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