Investir no Brasil de hoje é como assistir a um filme de suspense interminável: você sabe que algo ruim está para acontecer, mas a surpresa está em como a trama sempre consegue piorar. Desde que o governo Lula III assumiu, essa tem sido a narrativa fiscal do país – uma sequência de más notícias, cada uma superando a anterior.
Primeiro veio o arcabouço fiscal, que, longe de acalmar os ânimos, retirou o teto de gastos, a última âncora de responsabilidade fiscal, em nome de um modelo que prometia controle, mas trouxe confusão. Não foi apenas um erro técnico; foi um ato político que sinalizou ao mercado e à população que o compromisso com a estabilidade econômica era, na melhor das hipóteses, secundário.
Mal tivemos tempo de processar isso, e veio a crise estrutural de arrecadação. A economia, já enfraquecida, não consegue gerar receitas suficientes para sustentar os gastos crescentes, resultando em déficits primários maiores do que o projetado. As promessas de zerar o déficit em 2024 já soam como piada diante de números que simplesmente não fecham.
Como se isso não bastasse, há o problema da desaceleração econômica. Com o PIB projetado para crescer apenas 1,5% em 2024, metade do registrado no ano anterior, a pressão por estímulos aumenta. Essa pressão, no entanto, esbarra na falta de espaço fiscal e nas incertezas geradas por políticas desconexas. A cada nova tentativa de ajuste, a credibilidade do governo se desgasta ainda mais, criando um ciclo vicioso de desconfiança.
Buffett diz que, no mercado, “o que importa é o que está à frente, não o que ficou para trás”. Mas, no Brasil atual, olhar à frente é uma experiência desanimadora. A dívida pública em trajetória ascendente, o câmbio instável, os juros elevados – todos sintomas de uma crise fiscal que se agrava a cada novo passo da gestão.
E, ainda assim, a pior notícia é sempre a seguinte. Porque, no fundo, o problema não está apenas nos números ou nas projeções, mas na ausência de liderança capaz de romper com esse ciclo de mediocridade. Enquanto isso, a conta continua chegando para quem menos pode pagá-la: o povo brasileiro.
Por: Douglas de Holanda — The Doug Economist
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