A balança comercial brasileira encerrou 2024 com um superávit de US$ 74,55 bilhões. Apesar do saldo positivo, o número representa uma queda expressiva de 24,6% em relação a 2023, quando o país alcançou o recorde histórico de US$ 98,9 bilhões. Essa desaceleração reacende discussões sobre a competitividade das exportações brasileiras e a necessidade de ajustes estratégicos no comércio exterior.
A realidade por trás dos números
Embora o superávit seja motivo de celebração em termos absolutos, a análise revela um quadro de fragilidade. As exportações caíram 2%, totalizando US$ 337,03 bilhões, enquanto as importações subiram 7,7%, chegando a US$ 262,48 bilhões. Esse aumento nas importações reflete uma economia doméstica que, embora esteja se recuperando, ainda depende de insumos e bens de capital do exterior, muitas vezes com alto custo agregado.
Além disso, as exportações da agropecuária, tradicional motor da balança comercial, caíram 11%, enquanto a indústria extrativa teve um crescimento modesto de 2,4%, e a indústria de transformação avançou 2,7%. Esses números expõem a vulnerabilidade de setores-chave da economia brasileira a choques externos e preços de commodities.
Um diagnóstico liberal clássico
Do ponto de vista liberal clássico, o resultado da balança comercial reforça a importância de uma economia aberta e competitiva. No entanto, o Brasil ainda enfrenta barreiras estruturais que dificultam a plena realização desse potencial.
- Carga tributária e custo Brasil: A alta carga tributária e a burocracia excessiva continuam a sufocar a competitividade das exportações brasileiras. Reformas para simplificar o sistema tributário e reduzir o “Custo Brasil” são fundamentais para impulsionar o comércio exterior.
- Dependência de commodities: A concentração em exportações de commodities deixa a economia brasileira vulnerável a flutuações de preços no mercado internacional. Diversificar a pauta exportadora com produtos de maior valor agregado é uma prioridade inadiável.
- Inovação e infraestrutura: Investimentos em tecnologia e melhoria da infraestrutura logística são cruciais para reduzir custos e aumentar a eficiência do setor produtivo.
Caminhos para 2025
O Brasil precisa adotar uma agenda econômica ousada e consistente para transformar o comércio exterior em um verdadeiro motor de crescimento. Isso inclui:
- Acordos de livre comércio: Expandir a rede de acordos comerciais, reduzindo barreiras tarifárias e promovendo a integração com mercados estratégicos.
- Reformas estruturais: Avançar nas reformas tributária e administrativa para desburocratizar e desonerar o setor produtivo.
- Fomento à inovação: Incentivar o desenvolvimento de indústrias de alta tecnologia e promover a exportação de bens e serviços com maior valor agregado.
2025 já chegou
O superávit de 2024 mostra que o Brasil ainda tem um papel relevante no comércio global, mas também evidencia desafios que precisam ser enfrentados para garantir um crescimento sustentável e competitivo. Sem reformas estruturais e políticas que promovam a eficiência e a inovação, a balança comercial pode continuar a apresentar resultados cada vez mais modestos, comprometendo o futuro econômico do país.
Para 2025, o compromisso deve ser com uma economia mais livre, competitiva e resiliente — valores que formam a essência do liberalismo clássico e que podem colocar o Brasil no caminho de um desenvolvimento sustentável e de longo prazo.