No Brasil, a inflação continua a ser uma sombra constante sobre a economia e o dia a dia dos consumidores. Com o índice oficial, o IPCA, projetado em 4,84% para 2024, a trajetória de alta já impactou profundamente o poder de compra e os hábitos de consumo da população.
A Inflação e o básico: Alimentos e combustíveis
Um dos setores mais afetados pela inflação é o de alimentos. Produtos básicos, como arroz, feijão e óleo de cozinha, sofreram aumentos significativos ao longo do ano, forçando muitas famílias a reduzir o consumo ou buscar alternativas mais baratas e menos nutritivas. O encarecimento do transporte público e dos combustíveis também agravou a situação, elevando os custos indiretos de produtos e serviços essenciais.
Além disso, o impacto da alta dos preços foi sentido de forma desigual entre os grupos sociais, atingindo mais duramente as famílias de baixa renda, cuja maior parcela do orçamento é destinada a itens básicos, como alimentação e moradia.
A Selic e o custo de viver
A política monetária, com a taxa Selic mantida em 12,25%, tenta conter a inflação, mas seu impacto nos consumidores é duplo. Enquanto os preços de bens e serviços podem ser desacelerados, o custo do crédito se torna proibitivo. O financiamento de automóveis, imóveis e até compras no cartão de crédito fica mais caro, restringindo o consumo e, paradoxalmente, o crescimento econômico.
A Resposta do Governo e as Limitações
O governo federal implementou medidas pontuais para tentar aliviar os efeitos da inflação, como programas de transferência de renda e subsídios a combustíveis. No entanto, essas ações têm efeito limitado em um ambiente de aumento contínuo de custos. A ausência de reformas estruturais, como a tributária, agrava a percepção de ineficiência na gestão econômica, resultando em maiores custos indiretos para os consumidores.
A alta carga tributária sobre alimentos e produtos básicos continua sendo uma barreira à redução da inflação percebida pela população. Enquanto isso, a dependência de medidas paliativas em vez de soluções de longo prazo mantém o Brasil preso em um ciclo de inflação resiliente.
O Caminho Adiante
Para 2025, a projeção de inflação de 4,59% indica que o problema persistirá, mesmo que de forma moderada. Essa resistência inflacionária reflete não apenas fatores internos, mas também a instabilidade global, com impactos no câmbio (projetado a R$ 5,95 para o próximo ano) e na balança comercial do país. Soluções como o incentivo à produtividade e à competitividade no setor privado, bem como a redução da burocracia e dos custos tributários, poderiam oferecer algum alívio.
O Peso Silencioso
A inflação no Brasil não é apenas uma questão de números; é uma realidade que molda as escolhas e os sacrifícios de milhões de brasileiros diariamente. Enquanto a política monetária e fiscal se mostram insuficientes para mitigar os impactos de longo prazo, o consumidor carrega o peso silencioso da alta dos preços. No final, a verdadeira medida da inflação não está nos índices divulgados, mas na forma como ela redefine o que é possível colocar no carrinho de compras.