Lula III: O mesmo de sempre, mas agora com internet

Em seu terceiro mandato, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem demonstrado repetir a fórmula que marcou suas gestões anteriores: uma retórica supostamente carismática acompanhada de medidas econômicas, fiscais e sociais que pouco promovem a verdadeira prosperidade e liberdade. Em outras palavras: suco de populismo eleitoral. Para compreendermos a fragilidade dessa abordagem, é útil revisitar as lições de Adam Smith, o pai do liberalismo econômico, que nos alerta sobre os perigos do intervencionismo excessivo e da falsa promessa de igualdade absoluta.

O primeiro governo Lula (2003–2010) é frequentemente exaltado por sua estabilidade econômica e programas sociais como o Bolsa Família. Contudo, uma análise mais apurada mostra que o sucesso dessa época deveu-se, em grande medida, ao contexto internacional: o boom das commodities. Entre 2003 e 2008, os preços de produtos como minério de ferro, soja e petróleo dispararam, impulsionados pelo crescimento acelerado da China. O cenário gerou um fluxo significativo de divisas para o Brasil, permitindo ao governo financiar suas políticas redistributivas sem enfrentar restrições fiscais imediatas. No entanto, atribuir os méritos exclusivamente à gestão de Lula é ignorar que grande parte desse crescimento foi uma dádiva do mercado global, não do lulopetismo. Quando os ventos favoráveis cessaram, o Brasil entrou em uma crise severa, agravada por políticas econômicas intervencionistas e pelo abandono da disciplina fiscal.

Atualmente, para o desespero de Lula, o cenário é bem diferente, dificultando o tradicional ‘jeitinho brasileiro’ que poderia, em outras circunstâncias, favorecer os interesses da esquerda e coroá-lo com o título de ‘gestor inigualável’. O Brasil enfrenta desafios estruturais, como baixa produtividade, infraestrutura deficiente e um mercado de trabalho pouco dinâmico. Em vez de abordar essas questões com reformas estruturais, o governo opta por repetir medidas que privilegiam o consumo imediato à custa do futuro. O aumento do salário mínimo e a expansão de programas sociais podem parecer populares, mas ignoram o impacto de longo prazo sobre a inflação e as contas públicas. Como Adam Smith advertiu, políticas que restringem a liberdade econômica em troca de um suposto bem maior acabam por sufocar a inovação e a eficiência, prejudicando exatamente aqueles que deveriam ser beneficiados.

O discurso de Lula, quase sempre sustentado por ideologias de extrema esquerda, difunde uma visão de liberdade baseada na redistribuição de bens materiais. Mas será que isso é realmente liberdade? Adam Smith ensina que a verdadeira liberdade reside na capacidade do indivíduo de decidir como utilizar seus próprios recursos, fruto do trabalho e da criatividade. A falsa promessa de que “ser livre é ter posses” cria uma dependência constante do Estado, enfraquecendo a iniciativa privada e perpetuando ciclos de pobreza. Programas de assistência são necessários em momentos de vulnerabilidade, mas transformá-los na espinha dorsal da política econômica cria uma ilusão de progresso enquanto, na prática, limita as oportunidades de ascensão social.

O que torna o terceiro mandato de Lula único é a presença de um eleitorado mais conectado, com acesso à informação em tempo real, além do fim do monopólio das mídias. A internet é o surgimento de mídias alternativas consolidou um alta para oposições e questionamentos que desconstroem narrativas oficiais. Mas não só isso. A saturação de informações também gera desafios, como a manipulação de dados e a polarização exacerbada. Se, por um lado, o governo tenta moldar sua imagem com base em campanhas digitais, por outro, enfrenta um público cada vez mais cético e, na medida do possível, bem-informado. O Brasil de agora não é mais pautado pelas narrativas oficias das grandes emissoras de rádio e televisão, quando existiam poucas alternativas para adquirir uma visão de mundo. Agora, a demanda exige maior transparência e responsabilidade fiscal. Mesmo assim, os sinais apontam para um governo que ainda se apoia no populismo de outrora.

Adam Smith acreditava que a prosperidade de uma nação depende do trabalho de seus cidadãos, da liberdade de mercado e de um governo que respeite os limites de sua atuação. O Brasil, sob Lula III, caminha na direção oposta: ampliação do intervencionismo, aumento do peso do Estado e negligência às reformas estruturais. Enquanto o governo insistir em políticas que priorizam ganhos imediatos às custas do futuro, o país continuará preso em um ciclo de crescimento medíocre e de desigualdade estrutural. A verdadeira liberdade, tanto econômica quanto social, não pode ser concedida pelo Estado; ela deve ser conquistada por indivíduos livres para prosperar através de seu próprio suor e criatividade.

O Brasil de agora tem uma oportunidade histórica de se libertar das amarras do passado. Mas, para isso, é preciso coragem para abandonar ilusões e abraçar a verdadeira liberdade.