Quando o Brasil irá enxergar o Bitcoin como reserva estratégica?

Olhando para a trajetória de inovação financeira no Brasil, não podemos negar que nosso Banco Central já protagonizou avanços notáveis. O PIX, por exemplo, é celebrado globalmente como um modelo de modernização. Mas, quando o assunto é Bitcoin, o gigante adormecido parece estar hesitante em dar um passo que outros, como El Salvador, já transformaram em marco histórico. A pergunta que ecoa é: quanto tempo até que o Banco Central brasileiro enxergue o Bitcoin como uma reserva estratégica inevitável?

Há um precedente crescente no uso de criptomoedas como reserva nacional. El Salvador, embora pequeno em tamanho, mostrou ousadia ao adotar o Bitcoin como moeda legal e como parte de suas reservas internacionais. Nos Estados Unidos, enquanto o Federal Reserve mantém distância prudente, empresas privadas têm liderado o movimento. Veja a Microsoft, que explora abertamente os potenciais usos do Bitcoin no futuro da economia digital, ou a MicroStrategy, cuja alocação de bilhões de dólares em Bitcoin posiciona a criptomoeda como peça-chave em sua estratégia de longo prazo.

O Brasil, com suas reservas hoje concentradas em dólar e ouro, encontra-se numa encruzilhada histórica. Continuar acumulando ativos tradicionais parece sensato, mas é preciso lembrar que nenhuma reserva é eterna em sua supremacia. O ouro, por exemplo, já foi inquestionável até que perdeu espaço para o dólar. Agora, o Bitcoin emerge como uma nova alternativa: descentralizado, global, à prova de censura e, acima de tudo, resistente à inflação desenfreada que assombra moedas fiduciárias.

A hesitação brasileira parece estar enraizada em dois medos: a volatilidade do Bitcoin e a falta de regulamentação robusta. Ambos são argumentos válidos, mas falham em captar o momento. O futuro não é menos volátil porque evitamos a mudança, e regulamentações só podem nascer do engajamento ativo, não da inércia. Enquanto adiamos a conversa, a adoção institucional do Bitcoin ganha força global, e a posição do Brasil como potência econômica digital pode estar em jogo.

Quem entende o papel das reservas internacionais sabe que elas não se limitam a proteger moedas ou economias; são também declarações de poder geopolítico. Assim como Friedman argumentava que liberdade econômica é a chave para a prosperidade, talvez seja hora de perceber que incorporar Bitcoin às reservas brasileiras não é uma questão de “se”, mas de “quando”. E, como bem sabemos, os pioneiros sempre colhem os melhores frutos.

Se o Brasil quer estar entre os protagonistas do futuro financeiro, ele precisará olhar para o Bitcoin não como uma ameaça, mas como uma oportunidade de liderar uma transformação global. Afinal, hesitar frente à inovação é sempre mais caro do que correr o risco calculado de abraçá-la.