A imprensa tem apontado eventos climáticos, como as enchentes no Rio Grande do Sul e em Valência, como os principais responsáveis por uma eventual saída do Brasil do ranking global das maiores economias. Porém, essa análise simplista ignora questões estruturais que realmente impactam a economia do país, como a desvalorização do real e o desequilíbrio fiscal. Reduzir a discussão a fatores climáticos é não apenas enganoso, mas também uma forma de desviar o foco de problemas mais profundos e sistêmicos.
A fraqueza do real reflete a falta de confiança do mercado na condução econômica do Brasil. Desequilíbrio fiscal, aumento da dívida pública e incertezas na política econômica são fatores centrais que pressionam a moeda brasileira. Somam-se a isso fatores externos, como o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, que tornam mercados emergentes como o Brasil menos atrativos para investidores. Sem fundamentos econômicos sólidos, a moeda se desvaloriza, prejudicando a competitividade do país e gerando desconfiança.
No curto prazo, o Brasil precisa demonstrar comprometimento com ações concretas para equilibrar as contas públicas, como cortes de gastos e políticas monetárias que combatam a inflação. Já no médio prazo, avanços nas reformas tributária e administrativa são imprescindíveis para modernizar a economia e torná-la mais eficiente. Para o longo prazo, investimentos em produtividade, infraestrutura e educação devem ser prioridade para atrair capital de forma sustentável.
A insistência da mídia em minimizar questões estruturais apenas perpetua a desinformação sobre os verdadeiros desafios econômicos do Brasil. A economia do país não é vítima exclusiva de eventos climáticos, mas de uma gestão que precisa de reformas consistentes e foco em estabilidade. Sem isso, o Brasil continuará enfrentando dificuldades para se manter relevante no cenário global, com 2025 já ameaçado por projeções pessimistas.
Por: Douglas de Holanda — The Doug Economist
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